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terça-feira, 13 de maio de 2014

O Gato Preto - conto de Poe

"Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e ,no entanto
bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa. Tratando de um caso
que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com
toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem
comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas consequências,
tais acontecimentos me aterrorizaram, torturam e destruíram. No entanto, não tentarei
esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror - mas, em muitas
pessoas, talvez lhe pareçam menos terríveis que grotescos. Talvez, mais tarde, haja alguma
inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum  -  uma inteligência mais serena,
mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que
me refiro  com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais."
(...)

Edgar Allan Poe

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