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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

PURA

esta gente que colhe água para derramá-la
compassivamente sobre a chaga
esta virtuosa carraça da solidão pública
com redentor cigarro público também
esta solidão assediando cretinos e sábios
esta deserta implausível cartada
grande força erguida a prumo
esta gente sobre esta imperial e sopa à frente
esta gente que se levanta de peito e escreve
para não matar ninguém


Raquel Nobre Guerra



sábado, 30 de agosto de 2014

Ecos dos anos 30

 


As tendências da economia parecem caóticas e insondáveis até percebermos que há algo que lhes está subjacente. Esse algo é a política.

O sistema económico em que vivemos assenta na produção de bens e serviços motivada pela prossecução do lucro. Esse lucro, em termos simplificados, corresponde à parte do preço desses bens e serviços que permanece nas mãos dos empresários uma vez remunerados os trabalhadores e pagas as matérias-primas e custos intermédios. E por sua vez, essas matérias-primas e insumos intermédios são produzidos noutras empresas nas quais o rendimento também se reparte entre empresários e trabalhadores, pelo que em termos agregados e de forma simplificada (abstraindo das rendas, impostos e juros), os lucros são tanto maiores quanto menores são os salários e vice-versa.

Entre Cila e Caríbdis


Em consequência disso mesmo, a produção neste sistema vive numa tensão permanente entre duas fontes potenciais de bloqueio: lucros demasiado baixos, por um lado; e lucros demasiado elevados, por outro. Se os lucros forem demasiado baixos, os níveis de investimento tendem a reduzir-se e a dinâmica da produção tende a estagnar. Mas lucros demasiado elevados também conduzem à estagnação da produção, pois provocam a concentração do rendimento, desigualdade crescente e estagnação da procura.
A estagnação da procura neste segundo caso resulta do facto das empresas venderem maioritariamente os seus bens e serviços a trabalhadores - pelo que se a parte dos salários for sistematicamente comprimida, os empresários vêem as suas vendas reduzidas. Em termos mais rigorosos, o que sucede é que os segmentos da população com rendimentos mais elevados têm uma menor propensão para o consumo (poupam uma parte maior do seu rendimento), pelo que a dinâmica da procura depende mais fortemente dos segmentos com rendimentos mais reduzidos (que correspondem maioritariamente aos trabalhadores).

Oferta, procura e política


Acontece que a forma como o rendimento, nestes termos agregados, é repartido entre classes e segmentos da população, sendo uma questão económica, é no essencial determinada na esfera da política. Quando o poder relativo dos trabalhadores é maior (por exemplo, porque o Estado assegura um salário indirecto maior por via da educação, saúde e habitação públicas; porque impõe uma salário mínimo mais alto; ou porque são prosseguidas políticas que asseguram a proximidade ao pleno emprego), estamos em presença de um regime que assegura a dinâmica do ponto de vista da procura, mas que contém dentro de si a semente da estagnação da produção pelo lado da oferta, devido à compressão dos lucros. Quando o poder relativo dos empresários é maior (por exemplo, porque o desemprego e as medidas de flexibilização do mercado de trabalho pressionam os salários em baixa; ou porque a redução dos impostos sobre o capital e sobre os rendimentos mais elevados obrigam à redução dos salários indirectos), estamos em presença de um regime que assegura a dinâmica do ponto de vista da oferta, mas que contém dentro de si a semente da estagnação da procura.
Neste segundo tipo de regime, as crises podem ser adiadas por um factor adicional: a expansão do crédito, que permite compensar o efeito negativo da desigualdade sobre a procura. Mas é uma solução inevitavelmente temporária, pois está constrangida pela capacidade de endividamento dos agentes económicos, que mais cedo ou mais tarde atinge o seu limite. Isso acontece normalmente de forma abrupta e espectacular, sob a forma de crises financeiras, como sucedeu em 1929 ou 2007-08. Superficialmente, são crises financeiras; a um segundo nível, são crises de deflação de dívida; estruturalmente, são crises económicas resultantes da desigualdade e da estagnação da procura.

Ecos dos anos 30


A história económica das economias avançadas nos séculos XX e XXI corresponde a uma oscilação entre estes dois tipos de regime e entre estes dois tipos de crise. As primeiras décadas do Século XX foram um período de aumento do poder relativo do capital, máximos históricos de desigualdade, financeirização, endividamento - e, nos anos que se seguiram a 1929, deflação súbita e brutal do endividamento acumulado, também conhecida como Grande Depressão. A crise estrutural seguinte - dos anos '70 - foi do tipo oposto: pleno emprego, crescimento dos salários directos e indirectos e compressão dos lucros, resultando por fim na redução do investimento e numa conjugação de inflação com a estagnação da produção (a chamada "estagflação"). E uma vez que essa crise foi resolvida através da instauração de um regime - o neoliberalismo - que voltou a provocar a oscilação do pêndulo no sentido oposto (compressão dos salários directos e indirectos, novos máximos históricos de desigualdade, financeirização, endividamento), seguiu-se uma nova crise global de deflação da dívida quando a solução temporária esbarrou finalmente contra os seus limites.
É o que estamos a viver desde 2007 - e é um eco, uma repetição, dos anos '30. A grande diferença, e não é despicienda, é que nos anos '30 a deflação da dívida foi feita bruscamente, enquanto que na actual crise a desalavancagem está no essencial por fazer, entre outros motivos porque foi acomodada pelo sector público. Por isso, em vez de uma "Grande Depressão" relativamente circunscrita no tempo, temos uma "Grande Estagnação" prolongada. A ideia, já perfeitamente adoptada pela ortodoxia, de uma "estagnação secular" que terá tomado conta das economias avançadas corresponde, no fundo e noutros termos, ao reconhecimento da crise por resolver do neoliberalismo.

Crise e oportunidade


Dito isto, uma coisa é identificar a natureza da crise, outra coisa é superá-la. Por mais que a imagem do pêndulo seja atractiva, a verdade é que não há nada de automático que conduza à reinstauração de um regime mais favorável aos salários e à procura. Após a crise dos anos '30, foram cruciais para isso a socialização da produção no contexto da 2ª Guerra Mundial, por um lado, e o espectro da "ameaça vermelha" a leste, por outro. O momento presente é, claramente, muito diferente. Mas neste entretecer da economia, da política e da história, o futuro está em aberto. Está-o sempre, aliás. E isso é tanto um perigo como uma oportunidade.

(publicado originalmente no Expresso online)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O Mundo do Turismo Sexual Infantil





Fonte: http://elpais.com/elpais/2014/08/07/planeta_futuro/1407435469_195076.html

Russian Gas In Europe


Fonte: http://rt.com/business/178988-russia-ukraine-gas-transit/

«Um mundo financeiro que actua sem rei nem roque»



 «De facto, não é nesta reparação que agora foi feita, dos problemas causados no BES, que está, porventura, o problema essencial. Todos os que temos uma grande perplexidade, pelo que está a acontecer, temos porventura que dar um passo atrás e perceber em que mundo vivemos. E na verdade nós vivemos num mundo em que as economias dos países, a vida das pessoas, as suas expectativas, o seu futuro, estão profundamente determinadas, porventura profundamente manipuladas, por lógicas financeiras poderosíssimas. Por lógicas financeiras que desequilibram estruturalmente o mundo em que vivemos. Não é um caso português, é um caso do mundo, evidentemente.
(…) Claro que perante problemas desta natureza, evidentemente que o regulador é, muitas vezes (como está a acontecer agora) alguém que esbraceja muito mas que na verdade faz, parece-me a mim, uma pobre e triste figura. Relembremos a posição do governador (e evidentemente não é o Dr. Carlos Costa que está aqui em causa, o que está aqui em causa é o Banco de Portugal, a regulação bancária e a lógica em que vivemos). Em Abril de 2011, o governador Carlos Costa dizia aos bancos portugueses, aconselhava-os (ou melhor, ordenava-lhes), que deixassem de financiar a dívida pública portuguesa. Porque eles eram a “parte sã”, enquanto a República era “o problema”. (…) Ou seja, o governador estava convencido que a banca portuguesa, o sistema bancário português (…), e dizia isso aos seus interlocutores banqueiros, eram a parte sã. Ora bem, hoje foi “o problema” quer dizer a República, a dívida pública, que teve que ir intervir, do modo que sabemos.
(…) Eu há muito tempo que clamo que a gestão pública, e a qualidade da gestão pública, pede meças à gestão privada. E pede meças em muitas circunstâncias e não é preciso chegarmos a este ponto, em que verdadeiramente estamos a falar de libertinagem. Eu acho que é este o termo que deve ser adequado para nos descrever aquilo que o governador do Banco de Portugal nos descrevia ontem. Eu acho que todos os que ouvimos ontem, em directo, apesar daquela solenidade, daquela bela tapeçaria que estava por detrás, daquele ar solene dos membros do Conselho de Administração (que são obviamente pessoas respeitáveis), o que ouvimos ontem – dito pelo governador – é verdadeiramente confrangedor. O que ele nos esteve a dizer foi que não foi capaz de ver o tamanho da montanha porque, em pouco tempo (de Junho para Julho), aquele Conselho de Administração que ele tinha mantido em funções, lhe tinha desobedecido, o tinha enganado, e porventura o tinha traído. E isso por quê? Porque há um conjunto de coisas que verdadeiramente saem do perímetro da regulação que o Banco de Portugal é capaz de fazer.
(…) O que está aqui em causa é que o mundo em que isto ocorre (…), um mundo financeiro que actua sem rei nem roque, porque é disso que se trata (nós ouvimos ontem, candidamente, o governador explicar-nos que havia uma série de coisas que lhe escapavam ao controle), (…) é um mundo estruturalmente desequilibrado, em que a regulação – houve muita gente que acreditou na regulação – [falhou].
(…) Ao que é que nós assistimos ontem? Assistimos a uma operação, para tapar um buraco, com uma tecnologia fácil. Isto é, se a si, ou a mim, dessem quase cinco mil milhões de euros, públicos, a bom preço, nós eramos capazes, evidentemente, de fazer uma boa parede, como o Banco de Portugal fez com esta solução. E eu desejo, muito sinceramente, que esta solução funcione (…), mas temo, justamente porque nós não sabemos muitas coisas. Como digo, usar dinheiro público deste modo é fácil, mas não sabemos contudo o que vem por aí. Até por uma razão muito simples: toda esta cultura, que é uma cultura profundamente danosa, devo dizê-lo, da financeirização, ocorre sobre uma grande iliteracia. Eu recordo-me que ainda há pouco tempo, há pouco dias quase, gestores de conta do BES me aconselhavam a comprar obrigações do BES.
(…) Eu acho muito bem que se possa gerar um clima de confiança, mas eu acho que é muito importante gerar um clima de prudência. De prudência para as pessoas e para as suas decisões. (…) [E há] uma absoluta urgência de uma revisão radical do modo como as economias, como o mundo financeiro está organizado.»


Fonte: ladroesdebicicletas.blogspot.pt

sábado, 26 de julho de 2014

Tom Zé - Curiosidade

Quem é que tá botando dinamite
 Na cabeça do século ?
Quem é que tá botando tanto piolho
Na cabeça do século ?

 Quem é que tá botando tanto grilo
Na cabeça do século ?
Quem é que arranja um travesseiro
Pra cabeça do século ?
Pra cabeça do século ?

Foi um sonho medonho, desses que, às vezes, a gente sonha e baba na fronha, e se urina toda e não tem paz.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Banksy


Banksy


Banksy


PATETAS


Os jogadores alemães que vemos na imagem  —  Weidenfeller, Mustafi, Schürrle, Klose, Götze e Kroos  —, estão a gozar com os gaúchos, ou seja, com os seus adversários argentinos, supostamente incapazes de terem uma postura correcta. A foto foi obtida por Axel Grimm junto à porta de Brandemburgo, durante a homenagem que Berlim prestou aos campeões. Para não lhe chamar outra coisa, é de muito mau gosto. Clique na imagem.

Fonte:   http://daliteratura.blogspot.pt/

Genocídios




 «"Holocausto", "genocídio", "limpeza étnica", "racismo" e "apartheid", as acusações a Israel são fáceis e sem custo para quem o preconceito, o ódio e a ignorância deliberada comandam a vida. E não, senhor embaixador Fernando Neves, não há nenhuma similitude entre a realidade do Holocausto nazi e a de Gaza e qualquer analogia, seja ela qual for, é abusiva e insustentável. A diferença essencial não está apenas nas imagens, nos olhares, nem sequer nos números: está na intenção dos seus autores. E essa não é apenas uma diferença, é um abismo intransponível. Será ainda necessário repetir que o plano nazi era o de eliminar um povo da face da terra, na sua totalidade, enquanto o objectivo de Israel é eliminar, não a população palestiniana, mas sim a infra-estrutura militar inimiga? E, quer queiramos quer não, apesar das trágicas perdas de vida humanas em Gaza, as consequências práticas são radicalmente diferentes: basta lembrar que o povo judeu foi amputado de 2/3 da sua população europeia. Felizmente, é o contrário que se passa com a população palestiniana.»

O que Esther Mucznik não percebe, ou finge não perceber, é que o facto de ser incomparável com o Holocausto não torna a cruel carnificina, em curso na Faixa de Gaza, mais aceitável do que essa página dantesca do Século XX. Não, o que está a acontecer naquele território não se resume a «trágicas perdas de vidas humanas» nem a meras «consequências práticas radicalmente diferentes».

Fonte:  http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/07/genocidios.html

domingo, 20 de julho de 2014





Os Macraios e Rogério Skylab - O primeiro tapa é meu

«Tendes ouvido que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te dá na face direita, volta-lhe também a outra; ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e quem te obriga a andar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.» (Mateus 5:38-42) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- «Digo, porém, a vós que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos insultam. Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te tira a capa, não lhe negues a túnica. Dá a todo o que te pede; e ao que tira o que é teu, não lho reclames. Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vós também a eles.» (Lucas 6:27-31)

Good News! A New District as Been Built!


More and more Russian cities are getting comfortable pedestrianized streets, bicycle paths, parks and recreation zones. It seems we are moving in the right direction and life’s getting better. Until we see something like this…



Until we see a new dwelling district like the one recently built in Samara, Russia.
The pictures are real, and what you see are barracks for 50 000 people. The district has nothing else – no schools, kidergartens, no public space, no trees and benches. Only these dull countless barracks.


 What do they resemble? Maybe the concentration camp “Auschwitz II” (“Birkenau”)? But probably the architecture of the camp looks way more interesting…


 Who’s gonna live and grow here?



 The scenery is the same for kilometers in any direction…


 China builts similar districts, by the way. But they’re actually for those who agree to work for a plate of rice all day long…


 Well, it’s OK. In the end they have built millions of housing square meters! The job’s done.


Fonte:  http://englishrussia.com

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Aria Cantilena Bachianas Brasileiras - Heitor Villa Lobos

Villa Lobos compositor brasileiro cujo as obras "contém nuances da cultura regional brasileiras, com os elementos das canções populares e indígenas.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Slavoj Zizek responds to Noam Chomsky

Moscow Kremlin Was Originally Painted White


Maybe most of the people know of Moscow's Red Square and the Red Kremlin building - the center point of Russian power and authority. However, it did not have its reddish hue in the nineteen century. Since the eighteen century the Moscow Kremlin had been painted... white. Deliberately painted white and refreshed its white coloring every few years. Sixty seven years ago Stalin gave an order to paint the Kremlin red. Napoleon's army, which once stormed Moscow and occupied the Kremlin, saw it when it was white. Well not really white, as Moscow was burned down before Napoleon entered it, so the Kremlin was covered with smoke stains. Later, when Napoleon was driven out of the Russian capital, the Kremlin was restored to its white hue again.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Deus lhe Pague

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

Chico Buarque - Construção

domingo, 1 de junho de 2014

Tom Zé

Eu vi o cego lendo a corda da viola
Cego com cego no duelo do sertão
Eu vi o cego dando nó cego na cobra
Vi cego preso na gaiola da visão
Pássaro preto voando pra muito longe
E a cabra cega enxergando a escuridão

Gente só Morre para Provar que Viveu



sábado, 31 de maio de 2014

Basquiat...Indócil...

Graffiti

Alex Vallauri

Crianças bem comportadas!

Tom Zé - Senhor Cidadão

Graffiti - Maurício Villaça


Keith Haring


  Homem...engrenagem...descartável...

 








sexta-feira, 30 de maio de 2014

Tom Zé - Incrível

Lenine - Ninguém Faz Ideia

Os Exterminadores

Os Anjos, os Exterminadores
Os Velhos jogando bilhar
O Vaticano, a CIA
O Boy que controla radar
Anarquista, Mercenários, quem é?
Quem é e quem fabrica notícia
Quem crê na reencarnação
Os Clandestinos, os Ilegais
Os Gays, os Chefes da Nação

Ninguém faz idéia
De quem vem lá...

Lenine

Os Dorme Sujos

Os duros, os desclassificados
A vanguarda e quem fica prá traz
Os dorme sujos, os emergentes
Os espiões industriais...
Os que catam restos de feira
Milicos piratas da rede
Crianças excepcionais
Os exilados, os executivos
Os clones e os originais...

É a lei!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!

Lenine